#47 | Racismo ambiental e violência doméstica contra grávidas
Uma newsletter sobre jornalismo investigativo oferecida pelo projeto CruzaGrafos, da Abraji
Olá!
Eu sou Lucas Maia* e hoje falaremos sobre duas reportagens que reuniram dados e relatos pessoais para contar histórias difíceis e necessárias. Na reportagem “Dos portos aos morros: a face do racismo ambiental em Recife e Salvador”, publicada na Eco Nordeste, o jornalista Victor Moura utiliza sua bicicleta azul e amarela para percorrer morros e becos de duas capitais nordestinas, conversar com moradores de áreas de risco e entender como os relatos pessoais se vinculam aos dados estatísticos e documentação historiográfica sobre quem construiu a vida à beira de encostas.
Na reportagem da revista AzMina “Quando a violência doméstica aumenta na gestação e no pós-parto”, o ponto de partida para Natália Sousa foram dados coletados pela própria equipe, a partir do Penhas, aplicativo desenvolvido pelo Instituto AzMina em que mulheres em situação de violência encontram informação, acolhimento e rede de apoio. AzMina tem uma cobertura extensa e antiga sobre o assunto, mas a investigação trouxe dados novos, relatos contundentes e informações que ajudam a entender como e quais são os cenários em que a violência doméstica mais acontece.
Na dica do dia, descubra o banco de fontes da Rede Cajueira. A Cajueira atua como curadora do que existe de melhor no jornalismo independente nos estados do Nordeste e acabou de lançar o primeiro banco de fontes e de jornalistas da região. A ferramenta reúne contatos de mais de 2 mil especialistas nordestinos e pode ser consultada gratuitamente.
E na seção “Por onde anda o CruzaGrafos?” acompanhe uma seleção de reportagens investigativas que utilizaram a ferramenta para realizar apurações e desenvolver pautas.
Se esta é a sua primeira vez por aqui, sinta-se em casa! Esta é uma newsletter sobre jornalismo investigativo oferecida pelo projeto CruzaGrafos, ferramenta que ajuda a investigar políticos e empresas, desenvolvida em parceria pela Abraji e o Brasil.IO. O projeto conta com o apoio da Google News Initiative.
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Boa leitura!
Racismo ambiental
Contemplada pela bolsa de reportagens de justiça climática promovida pela Ajor e ICS no âmbito do The Climate Justice Pilot Project, a reportagem de Victor Moura mostra que, entre 1988 e 2022, mais de 4 mil pessoas morreram em deslizamentos de terra no país, sendo 173 mortes apenas na cidade do Recife, onde a população habitando áreas de risco é estimada em 206 mil pessoas (13% dos habitantes da cidade).
Os dados assustadores das condições de habitação da população mais pobre na capital pernambucana só são superados pelos da cidade de Salvador, onde 1,2 milhão de habitantes vivem em áreas de risco, o que representa 45% da população da cidade.
Para Victor, esses percentuais estão longe de ser somente números. O jornalista cresceu em Recife, vivendo em uma das tantas casas suspensas à beira de encostas que existem na capital.
“Quando começava a chover forte, uma das memórias que tenho de infância é a do meu pai pedindo para eu sair da parte de trás de casa, onde fica o quintal, a cozinha e a área de serviço. Essa parte da residência fica ao lado de uma encosta de mais de 20 metros. À época, até sabia do risco, mas o pior não passava pela minha cabeça. No inverno, ficava sabendo dos deslizamentos pela vizinhança. As notícias chegavam no boca a boca e pela TV. Todo ano morria alguém”, relata.
O repórter conta que cresceu vendo os morros sendo pauta da mídia local apenas durante tragédias, o que o incomodava. Era preciso ir mais fundo nesta questão.
“Comecei olhando o último levantamento do IBGE, e vi que Salvador e Recife lideram o número de pessoas morando em áreas de risco no Nordeste. Foi aí que lembrei que, na região, seus portos também lideraram o contingente de negros trazidos à força durante o passado colonial. Pesquisando notícias sobre deslizamentos de terra em ambas as cidades, vi que bairros mais atingidos eram majoritariamente negros. Já imaginava, mas precisava conferir. Foi então que decidi comparar as cidades com o objetivo de entender como a escravidão, e sua principal herança, o racismo, continuam impactando as desigualdades locais”, diz.
Duas capitais, muitos dados e uma bicicleta
Um personagem importante de todas as reportagens de Victor é sua bicicleta azul e amarela, que o acompanha desde 2017 e na qual ele subiu e desceu os morros de Recife e Salvador para encontrar os entrevistados e entrevistadas para a matéria publicada na Eco Nordeste. Ele brinca que fez da bicicleta um veículo de comunicação independente. “Hoje tenho por volta de 3 mil quilômetros percorridos a serviço do jornalismo. Mantenho a bicicleta ao meu lado por escolha, pela parceria nos momentos difíceis e por acreditar no formato narrativo”, conta.
Apesar de considerar a observação e a conversa com os personagens um elemento fundamental para suas reportagens, Victor Moura diz que a pauta começou com análise de dados estatísticos, publicações de órgãos públicos, como a defesa civil, reportagens e estudos acadêmicos sobre clima e áreas de risco, planejamento urbano, história e relações étnico-raciais das duas cidades. “Só comecei efetivamente a pedalar depois de passar horas na frente do computador”, afirma.
Dificuldades no acesso à informação
Victor teve dificuldades ao buscar informações sobre Salvador. Ele explica que o Fala Salvador, que é o canal de acesso a informações da cidade, dificultava o acesso a informações públicas.
“A plataforma de Salvador apresentou diversos erros, não me respondia ou respondia de forma rasa e incompleta. As respostas sequer eram enviadas para o meu e-mail. Entrei com recurso, reenviei perguntas, consegui algum retorno, mas perdi muito tempo nesse intervalo. Os pedidos de Recife foram melhor respondidos. No nível estadual, o Governo da Bahia respondeu meus questionamentos; o de Pernambuco, não. Também fiz perguntas ao INEMA (Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia) e a APAC (Agência Pernambucana de Águas e Clima)”, relata.
Um dos questionamentos aos órgãos públicos era obter um recorte dos acumulados pluviométricos e avaliar quantos eventos extremos ocorreram desde o início do monitoramento em Salvador e Recife.
“A partir das leituras, fui organizando os dados em um documento do Drive, separando entre Recife e Salvador. Quantos deslizamentos de terra desde o ano X? Quantas vítimas fatais? Qual o acontecimento mais recente? Quanto as prefeituras gastaram em áreas de morro no último ano, levando em consideração o orçamento total? Fui encontrando alguns dados em sites noticiosos e portais da transparência e, a partir daí, já conseguia visualizar o que elas tinham em comum e o que não. Alguns dados só consegui via Lei de Acesso à Informação, a parte que mais me tirou tempo na apuração”, explica.
Entendendo o racismo ambiental
“A gente sabe, por dados confiáveis, que os negros são maioria no sistema prisional, que são minoria no jornalismo, entre outras mazelas históricas. Mas, quando o assunto é meio ambiente, a pauta nem sempre é racializada. O Brasil tem 8 milhões de pessoas morando em área de risco. Mas qual é o perfil dessas pessoas?”, questiona Victor.
O jornalista diz que sempre percebeu que, em Recife, os negros predominam nos locais menos seguros para a ocupação humana, como ladeiras, escadarias e encostas. Percepção confirmada por um estudo do Instituto Pólis, que aponta um recorte racial onde 68% das pessoas que vivem em áreas com risco de deslizamento de terra em Recife são negras. Um percentual superior ao da população negra na cidade.
Ele conta que, ao investigar o cenário em Salvador, esperava encontrar dados mais abundantes, considerando ser a cidade mais negra do país. No entanto, a prefeitura simplesmente disse que não existem dados relativos a raça ou cor nas áreas de risco monitoradas.
“A ausência de informações detalhadas sobre o território é sintomática, mostra como o poder público está distante das comunidades, de quem está na ponta tentando sobreviver. Acredito ser necessário coletar dados diversos e de qualidade, e não apenas subir o morro para enumerar desabrigados e mortos durante as chuvas”, opina.
Dicas e orientações
Questionamos Victor Moura sobre quais dicas e orientações ele daria para jornalistas e estudantes de jornalismo interessados em pautas de fôlego, especialmente sobre mudanças climáticas. Seguem as dicas na íntegra:
“Dentro do jornalismo de causas e direitos humanos, sugiro acompanhar e se aproximar de ativistas locais, pois são pessoas que têm um compromisso permanente com determinadas pautas, ao contrário de nós, jornalistas, que estamos sempre tratando de diversos assuntos diferentes.
Outras fontes de informação importantes são os coletivos comunitários. Fazendo uma busca ativa na internet dá para encontrar essa galera. Na apuração, também gosto de procurar a academia, seja pedindo dicas para os departamentos, seja entrando em contato direto com o autor ou autora da pesquisa. Para fazer uma reportagem de fôlego, muitas vezes é preciso uma primeira oportunidade.
Meu lugar seguro para treinos foi a universidade, onde pude testar, errar e errar de novo. Então aconselho aproveitar ao máximo esse período, insistir no que você acredita e não se limitar aos cânones e formatos tradicionais. O jornalismo tem muitos caminhos, e alguns deles com certeza sequer foram pensados ainda. Profissionalmente, a oportunidade que tive de mostrar serviço vieram das bolsas e dos editais de jornalismo. Sempre que der, envie sua pauta. Para terminar, querendo ou não seguir na área ambiental, sugiro estudar as muitas faces da crise climática. É um tema que vai ser cada vez mais importante.”
Violência doméstica contra grávidas
A jornalista Natália Sousa, autora da reportagem “Quando a violência doméstica aumenta na gestação e no pós-parto” explica que a pauta surgiu a partir de demandas do Penhas, um aplicativo móvel de enfrentamento à violência doméstica criado pelo Instituto AzMina. Com mais de 10 mil downloads na Play Store, o app oferece apoio para mulheres em relacionamentos abusivos. Nele, todas as mulheres cadastradas, em situação de violência ou não, podem ter acesso a: informação, diálogo sigiloso, apoio, rede de acolhimento e botão de pânico.
“Foi justamente nesse processo de amparo e escuta que diversas mulheres passaram a relatar o aumento ou início da violência doméstica durante a gestação e no puerpério, juntamente com a pergunta: a maternidade é um fator de risco para as agressões? Então decidimos investigar. Havia uma suspeita de que houvesse uma relação, porque AzMina tem uma cobertura extensa e antiga sobre o assunto e sabemos que a violência doméstica se amplifica em momentos de vulnerabilidade, mas a investigação trouxe dados novos, relatos contundentes e informações que nos ajudaram a entender como e quais são os cenários em que mais acontece”, conta.
Dados coletados pela própria equipe
A repórter conta que a equipe rodou um formulário entre as leitoras da revista e usuárias do Penhas com o objetivo de entender se existia essa relação entre violência e chegada da maternidade e como ela se dava. O objetivo era que mulheres de diferentes estados brasileiros, e também de fora do país, pudessem colaborar com as suas experiências.
O formulário foi respondido por 83 mulheres, fornecendo dados e informações que foram utilizados para análise junto a profissionais que trabalham com o tema, bem como para comparar com estudos e pesquisas sobre o assunto, trazendo uma análise única.
“Os dados que coletamos não têm validade estatística, mas os relatos que recolhemos dão uma noção da complexidade do tema”, explica.
A jornalista diz ainda que a preocupação principal era abordar o assunto de forma cuidadosa para que as vítimas se sentissem acolhidas e seguras em todo o processo de partilha. “Antes de disponibilizar o formulário, rodamos o documento entre a equipe para que pontos sensíveis fossem apontados e modificados. As profissionais do Penhas, que lidam diretamente com as vítimas, foram fundamentais para deixar o documento acolhedor”, explica.
A repórter conta que a equipe dAzMina ofereceu a todas as fontes a possibilidade de anonimato, permitindo que elas se sentissem seguras para compartilhar suas experiências. Mesmo aquelas que responderam ao formulário puderam escolher se desejavam ou não ser contatadas para uma entrevista posterior. Ela explica que a intenção da equipe foi permitir que as fontes se sentissem à vontade para compartilhar o que desejavam, no momento em que se sentissem confortáveis, sem reviver os traumas causados pela violência.
Tipos de violência sofrida pelas mulheres participantes do levantamento durante a gravidez:
78% Psicológica
50% Moral
36% Física
36% Financeira
26% Sexual
Natália explica que em 2022, mais de 18 milhões de mulheres foram vítimas de violência doméstica no Brasil. Nesse grupo, as mais agredidas por parceiros íntimos são mães. Os dados são do Fórum de Segurança Pública. Um estudo da FGV também mostra que metade das mulheres perde o emprego depois da licença maternidade.
Além disso, a baixa renda familiar é um fator de risco para a violência de gênero, como aponta essa outra pesquisa sobre violência doméstica na gravidez. Sem emprego e estando por mais tempo em casa, elas acabam isoladas das amigas e dos familiares, o que facilita os abusos e dificulta a saída do ciclo de violência.
“Outra coisa que aparece na investigação de AzMina é que as demandas do recém-nascido acabam sendo um agravante no ambiente violento. Mulheres que ouvimos disseram que foram agredidas quando o bebê chorava ou forçadas a fazer sexo no período de resguardo”, relata a jornalista.
Negligência nos atendimentos médicos
Natália conta que, entre todos os pontos tocados na reportagem, o que mais chamou sua atenção foi o negligenciamento da violência sofrida por essas mulheres durante os atendimentos médicos.
Ela explica que muitas das vítimas sofreram violência doméstica nesse período sem que a situação fosse identificada pelos profissionais de saúde. Como o caso, mostrado na reportagem, em que a mulher sofreu um sangramento durante a gestação por causa de uma violência sexual causada pelo marido e, quando chegou ao hospital, foi orientada a fazer repouso sem que a causa do sangramento fosse investigada.
“A conclusão é que a mulher quando engravida vira a responsável por garantir a saúde do bebê e toda a atenção se volta para ele. As demandas que são dela - enquanto indivíduo - são invisibilizadas. Ela vira a mãe. Se o bebê está bem é o que importa”, afirma.
Como cobrir temas sensíveis
Perguntamos à jornalista Natália Sousa que conselhos ela daria para jornalistas que desejam se aprofundar na cobertura de temas sensíveis, como violência doméstica. Colocamos a resposta na íntegra:
“É preciso antes de tudo pensar que não se pode falar sobre violência doméstica sem colocar no centro a proteção e o cuidado com a vítima. O jornalismo historicamente revitimiza mulheres e é preciso atenção para que a reportagem não faça o mesmo. Se aliar a organizações e fontes que trabalham diretamente com essas mulheres é uma forma de estabelecer uma estratégia cuidadosa. Sempre oferecer a chance ao anonimato e se ater apenas ao que a fonte se dispõe a contar - sem forçar que reviva o que passou - também é uma boa medida”.
Dica do dia: Banco de Fontes de especialistas do Nordeste
Na última semana, a Cajueira, curadoria de conteúdo e projetos de jornalismo independente produzidos nos nove estados do Nordeste, lançou o primeiro Banco de Fontes da região. A ferramenta gratuita reúne centenas de profissionais de diversas áreas, organizados por estado, tema e área de interesse.
“A gente entende que construir esse banco de fontes nordestinas é um passo superimportante para promover urgentemente a diversidade regional de vozes e vivências nos conteúdos de alcance nacional”, explica a jornalista Joana Suarez, cofundadora da Cajueira.
Oportunidade: Banco de Jornalistas
Além do Banco de Fontes, a Cajueira também criou um Banco de Jornalistas. Essa plataforma visa facilitar a conexão entre jornalistas e comunicadores do Nordeste com diversas oportunidades de trabalho, abrangendo desde freelancers até contratos formais e temporários.
Profissionais de jornalismo, sejam eles experientes, recém-formados ou estudantes da Região Nordeste, têm a possibilidade de incluir seus contatos e portfólios na plataforma. Isso proporciona a visibilidade necessária para que sejam facilmente encontrados por aqueles que estão em busca de contratar talentos da região.
Por onde anda o CruzaGrafos?
Esta é a seção "Por Onde Anda o CruzaGrafos", um espaço dedicado a destacar reportagens e projetos realizados com a ajuda da ferramenta. Aqui, reunimos uma seleção cuidadosa de reportagens desenvolvidas com o uso do CruzaGrafos.
Você tem uma reportagem feita com o auxílio do CruzaGrafos e deseja ver sua matéria em destaque neste espaço? É simples! Basta incluir uma menção ao CruzaGrafos em seu texto e enviar o link para o e-mail cruzagrafos@abraji.com.br.
‘Golpe do selo’: perfis e anúncios no Instagram enganam usuários que buscam verificação
A reportagem de Marco Faustino para o Aos Fatos mostra que golpistas estão enganando usuários que buscam obter selos de verificação no Facebook e no Instagram. Na matéria, o jornalista investiga quem são as empresas e sócios por trás de anúncios golpistas feitos no Google. Apesar da possibilidade do uso de nomes e documentos ilegítimos para criar os anúncios, a reportagem consegue chegar até os responsáveis por um dos esquemas verificando a empresa no CruzaGrafos e apurando a atuação dos sócios por outros meios.
Ministro Edson Fachin, do STF, não é dono de prédio em Santa Catarina exibido em vídeo viral
A Agence France-Presse (AFP) fez uma checagem de fatos para apurar a história de um vídeo alegando que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, seria dono de um edifício de vários andares que está sendo construído em Santa Catarina. A conclusão da AFP é de que a história é falsa. Após identificar a empresa proprietária do imóvel, a checagem utilizou o CruzaGrafos para checar se a imobiliária teria qualquer relação societária com o ministro, o que não se verificou. A equipe responsável pela checagem também entrou em contato com a empresa e com o próprio STF.
Militares ligados a Bolsonaro e Salles criam empresa de carbono após deixar governo
A reportagem de Rafael Oliveira para a Agência Pública mostra que, em abril deste ano, cinco militares da reserva diretamente associados ao Governo Bolsonaro, criaram uma consultoria para projetos de crédito de carbono sem qualquer experiência prévia no tema. Dois desses sócios ocuparam cargos de chefia no Ibama durante a gestão de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente. A matéria explica a proximidade entre os militares, o lobby de grandes mineradoras e o último governo. A pauta surge a partir da descoberta da sociedade por meio de consultas no CruzaGrafos.
O jornalista Leandro Melito conta, em sua reportagem para o InfoAmazonia, a história do prefeito de Feliz Natal, no Mato Grosso. A reportagem revela que a propriedade está ligada a uma rede de estradas onde ocorre exploração ilegal de madeira do Parque Indígena do Xingu.
A reportagem utilizou o CruzaGrafos para mostrar que a empresa do prefeito acumula 13 processos por infrações contra a flora em Feliz Natal entre 2004 e 2012 que totalizam um valor de quase R$ 700 mil em multas. Além disso, como pessoa física o prefeito acumula mais de R$ 3 milhões em multas por cinco infrações contra a flora, três delas em Nova Ubiratã e duas em Feliz Natal, nos anos de 2015 e 2017.
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Autor
*Lucas Maia é jornalista e programador com experiência em Python, data storytelling e dataviz. Também é diretor de tecnologia na Agência Tatu, um veículo focado em jornalismo de dados localizado no estado de Alagoas. Acredita na atuação jornalística como forma de fortalecer a democracia e no poder de tornar dados públicos mais acessíveis a todos.
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